Na música “Let’s call the Whole Thing off”, de Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, um casal discute sobre o sotaque ao falar do tomate, entre outros produtos. Eles ponderam que talvez a diferença não tenha relevância, mas acaba entendendo que se tirarem de lado as particularidades de cada um, talvez ambos venham a perder.
Saindo da música e vindo para a agricultura de tomates, tive o prazer de vivenciar a importância que um regionalismo tem na qualidade final do produto.
Fomos convidados pela Câmara Brasil Itália do Rio de Janeiro para uma imersão e aprendizado sobre toda a cadeia produtiva dos tomates em conserva, juntamente com outros representantes de imprensa e comerciais. A Campanha contou com apoio da União Europeia no âmbito do Programa AGRIP-SIMPLE e da Oi Pomodoro Industria Bacino Centro Sud, tendo as Câmaras Italianas do Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina colaborado com as indicações dos membros da “Delegazione”.
Entre 04 e 09 de setembro de 2023, a delegação acompanhou a forma de plantação, o tratamento dado para pelar e conservar o tomate de modo industrial e até a forma histórica das famílias se reunirem e prepararem o estoque de molho de tomate caseiro.
Há duas espécies de tomate mais alongados que são costumeiras na produção dos pelati, sendo os redondos preferidos para o molho. Os tomates alongados são denominados de San Marzano (mais doce e com poucas sementes) e Roma. Os San Marzano, em especial, são cultivados na região Sarnese-Nocerino na Campanha, sendo indicação geográfica que reconhece o valor histórico do terroir local com características ímpares de clima e solo.
Pudemos também ter algumas informações sobre tecnologia agrícola da Syngenta Group e visitar duas fábricas de processamento e conserva – La Doria e Ciao – onde seguimos todo processo de seleção, lavagem, processamento, cocção, tratamento equivalente a pasteurização e controles de qualidade.
A iniciativa Meu Tomatì visa conscientizar o público brasileiro da qualidade e história por detrás dos tomates conservados italianos, que foram os primeiros a realizar o potencial do fruto, antes tido como venenoso e de mal agouro.
Ora, se os Napolitanos foram os primeiros a perceber o valor deste fruto e mudar a visão mundial do mesmo, renomeando como Pomodoro, pela sua coloração amarela da época, certamente são os que têm mais história no tratamento e processamento do produto.
Como disse o Diretor da Fábrica Ciao “Fazemos os tomates como nossas mamas faziam”. E é isso: é inegável o poder transformador do fruto e a relevância e diferencial que os Italianos tiveram e têm com relação a este produto.
Agradecemos a oportunidade de aprender mais sobre o processo e testemunhar o carinho e qualidade, além de observância das normas técnicas para garantir o produto final de exportação.